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Já pensou na importância do botão desfazer?
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Já pensou no quanto o botão desfazer mudou nossas vidas? Incorporado a aplicativos e dispositivos eletrônicos, é recurso apreciado por qualquer pessoa que tem medo de se comprometer. Minha mãe, antes de se tornar uma amiga da tecnologia, acreditava que um simples clique do seu mouse poderia armar uma bomba nuclear ou algum outro estrago parecido. Quando descobriu o poder da setinha que aponta para trás, se libertou.

Poder voltar atrás e começar de novo é aprendizado essencial para a criatividade. Por medo de errar paralisamos. Aos poucos, vamos descobrindo que todo o custo de desfazer estava apenas na nossa cabeça. Ninguém mais se importa e não prejudicará ninguém, se mudarmos o curso das ideias. Principalmente quando o objetivo é torná-las melhores.

Compreender que algo não é definitivo, nos coloca com uma outra postura. Menos tensa, mais relaxada e, em consequência, melhor. Por cogitarmos a possibilidade de não mandar bem em um texto, as palavras começam a desaparecer. Ao escolhermos um presente para alguém especial, basta um sinal de medo da pessoa não gostar e acabamos optando pelo que acreditamos ser garantido. O gesto ousado, espontâneo e corajoso é limado quando somos medo ao invés de confiança na possibilidade de desfazer e refazer.

Confiança é uma das leis da simplicidade, segundo John Maeda, escritor, designer gráfico, artista visual e cientista da computação. A tecnologia, o trabalho e a própria vida se tornam mais simples quando confiamos. E um dos pisos de confiança, nos tempos que vivemos, é a nossa capacidade de desfazer.

Maeda nos recomenda acolher o “desfazer” como parte das nossas vidas em interações com os objetos a nossa volta. Todavia, alerta para seu uso em relação a outras pessoas. Não dá pra desfazer quando se trata de relacionamentos. Podemos reconstruir, recomeçar, reconduzir, nunca  voltar atrás. É que a história não volta, os sentimentos não se apagam, nem a memória.

Acreditar no uso do desfazer em relacionamento interpessoais não nos faz mais criativos, nos torna menos compromissados com o que afeta o outro. Por isso, precisamos agradecer este recurso mágico da tecnologia em nossas vidas e aplicá-lo em nossas tarefas. Desfazendo quando necessário. Salvando a última versão sempre. Mas quando se trata de outras pessoas, esqueça o botão e dê apenas o seu melhor.


Tiago Belotte é fundador e curador de conhecimento no CoolHow – laboratório de educação corporativa que auxilia pessoas e negócios a se conectarem com as novas habilidades da Nova Economia. É também professor de pesquisa e análise de tendências na PUC Minas  e no Uni-BH. Seu Instagram é @tiago_belotte. Escreve nesta coluna semanalmente, aos sábados.

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