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Essência: sobre aprendizados da maturidade
Annie Spratt | Unsplash
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O envelhecer pode nos trazer a sabedoria necessária para tomar decisões com maior equilíbrio e discernimento

Uma mensagem chega pelo WhatsApp. No grupo dos antigos colegas de escola, alguém replica uma postagem rasa sobre política, expressando uma opinião de que não compartilho. Não penso duas vezes: aciono a opção “sair do grupo” e continuo meu dia, sem um segundo de raiva ou rancor.

Em outros tempos, eu investiria numa inflamada discussão. Hoje, escolho a alternativa menos barulhenta. Não tenho a pretensão de mudar a opinião do meu colega, nem energia para acompanhar os eventuais desdobramentos de sua mensagem.

O episódio denota a minha idade. Fiz 48. Não que eu esteja ranzinza ou desanimada. Estou é mais prática. Finalmente sei escolher as batalhas que valem a pena. Outro colega me chama diretamente e pede que eu reconsidere minha saída do grupo. Ouve meus argumentos e não insiste. Ele também está à beira dos 50. Trocamos ideias sobre política, confrontamos respeitosamente nossos pontos de vista, sem esboçar uma ruga de contrariedade. Amadurecemos. E amadurecer, no bom sentido da palavra, é saber escolher.  Uma espécie de aprimoramento da capacidade de discernir as coisas e, por que não, de certa flexibilidade para mudar de opinião. Acontece que já vivi o suficiente para reconhecer quando é o caso.

O sol se põe, enquanto em cima da mesa resta uma luminosa lista de tarefas não cumpridas. O sono embaça a vista e amolece a urgência das coisas. As questões que me ocuparam a cabeça ao longo do dia estão menores agora. Amanhã penso nisso. O sono é uma boa metáfora dessa habilidade de desconstruir dramas no dia a dia. Inebriados por ele, somos capazes de apontar o que é de fato importante. O agora é a única urgência. Também aprendo com ele a suavidade das transições. Não preciso abandonar o que fui para ter orgulho do que vou me tornar.

A idade me ensina a colocar os problemas para dormir. Quantas vezes me debati em insistentes tentativas de mudar o outro? Agora, na quietude do corpo que adormece, a consciência finalmente desperta. Importante é transformar a mim mesma. Envelhecer é o melhor que já me aconteceu.

CRIS GUERRA acaba de lançar Procurava o Amor em Jardins de Cactos. Escritora, apaixonada por moda, acha que até as palavras servem para vestir. Escreve mensalmente na edição impressa de Vida Simples

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