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Educar uma criança com compaixão é um ato revolucionário
Educar com compaixão é um ato revolucionário. (Créditos da Imagem: Kelly Sikkema / Unsplash)
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Compaixão, empatia e respeito com crianças ainda são recebidos com desdém, sob os gritos de “mimimi”.

A educação tradicional, baseada em medo, ameaça, punição, chantagem e desconexão emocional ultrapassa os limites físicos e emocionais das crianças, sob a alegação de que são elas que precisam de limites.

Isso é um paradoxo (a psicanálise diria que é uma bela duma projeção) que infelizmente se sustenta em muitos mitos e algumas fake news sobre o que crianças realmente precisam de suas famílias.

Crianças precisam de segurança emocional, acima de tudo. Palmadas, gritos e desrespeito vão de encontro a um cuidado suficientemente bom, e já se sabe que podem causar uma gama de problemas futuros, tanto emocionais quanto físicos.

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Para além das consequências individuais, há enormes consequências sociais: uma criança que não é acolhida e respeitada vai ter dificuldade em perceber pequenos e grandes abusos e violências que se comete contra ela, justamente porque são feitos “em nome do amor”. Isso é OURO dentro de um sistema social que sobrevive às custas da minimização da violência e da exploração de alguns grupos sociais. É preciso perceber para combater, certo?

Oriunda do latim, a palavra disciplina significa “instrução, conhecimento, matéria a ser ensinada”, e deriva de discipulus, que significa “aluno, aquele que aprende”, do verbo discere, “aprender”. Só mais tarde ela assumiu o significado de “manutenção da ordem”.

Disciplina, na verdade, é instruir, ensinar. Não tem absolutamente nada a ver – ou não deveria ter – com punições, castigos e ofensas verbais para manter uma certa ordem social.

Temos muito a desconstruir no imaginário social que naturaliza violência contra mulheres (ainda que o discurso seja o de repúdio, os números não mentem) e mais abertamente ainda, contra crianças. As duas coisas estão profundamente ligadas, e infelizmente muitas mulheres repassam aos filhos as violências sociais a que são submetidas, sem que ninguém as interpele, muito pelo contrário, as colocam justamente como protagonistas deste papel.

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Assuntos de família são não só pra gente meter a colher, mas também pra gente analisar de uma maneira um pouco mais crítica, já que geralmente refletem a dinâmica social vigente.

Uma criança amada e educada sem que lhe ultrapassem os limites pode ser um adulto potencialmente perigoso dentro desse tecido social adoecido, justamente porque estará um pouco mais sã pra ver a doença toda espalhada, e talvez queira fazer algo a respeito da cura.

Fica claro que educar crianças com compaixão e afeto não é só necessário, também é revolucionário.


THAIS BASILE é mãe da Lorena, palestrante e consultora em inteligência emocional e educação parental, eterna estudante. Apaixonada por relações humanas e por tudo que a infância tem a ensinar. Compartilha um saber para uma educação mais respeitosa no @educacaoparaapaz.

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