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E se entendemos tudo errado?
Karl Jk Hedin | Unsplash
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É importante entender como damos significado às coisas e como interpretar o mundo a nossa volta através de uma perspectiva muito pessoal e subjetiva

Sou uma eterna apaixonada, curiosa pela criação divina e buscadora da essência da vida, o que me levou a dedicar grande parte dos últimos 19 anos ao estudo e pesquisa do ser, tentando entender quem somos, como pensamos, como manifestamos nossa realidade nessa dimensão física, como funcionamos emocionalmente, biologicamente, racionalmente, espiritualmente. 

Durante todo esse tempo busquei o meu autoconhecimento e a compreensão e liberação das minhas dores e limitações… E fui percebendo que quanto mais eu estudo e toco o conhecimento, mais tenho a certeza de que realmente sabemos muito pouco sobre a essência da vida.

O Universo é feito de infinitas facetas invisíveis aos olhos e cada um de nós consegue acessar apenas uma dessas infinitas facetas por vez.

Conforme fui percebendo o quão limitados somos em perceber a grande figura, uma vez que baseamos toda nossa interpretação de mundo através das nossas experiências e aprendizados subjetivos, individuais e pessoais, mais fui liberando em mim a necessidade de estar certa sobre as coisas, de encontrar a solução e ter razão. 

Como eu poderia estar certa sobre o que vejo e julgo se apenas eu vejo o mundo através dos meus olhos e através da minha mente, que com suas memórias, referências e experiências individuais moldam essa percepção?

Então, cada vez mais fui liberando meus pontos de vista e julgamentos sobre o mundo e as pessoas, mais e mais me tornando aberta as infinitas possibilidades e principalmente aberta a acolher o olhar do outro, o novo e o diferente.

Ao longo desta jornada fui percebendo claramente a transformação que o autoconhecimento me trás.

A medida em que fui constatando como são infinitas as possibilidades da criação, mais eu – enquanto um pontinho no universo, inicialmente cheia de opiniões e pontos de vista limitados – fui encolhendo e percebendo o quanto o meu tão precioso conhecimento era limitado e então, me dei conta de que na verdade tudo sei quando nada sei. 

O nada e o tudo, o certo e o errado, a causa e o efeito estão presentes a todo momento simultaneamente, nós é que não somos capazes de perceber.

Foi neste exato instante de total humildade e clareza que entreguei tudo que sei sobre mim, sobre o outro, sobre o mundo… E me dissolvi no vazio do “não saber”.

E, desde então, sinto um amor profundo e admiração por toda a criação, assim como uma dor profunda por toda a separação e dualidade existente no mundo.

Tudo está contido dentro de mim.

Deste lugar e apenas deste lugar encontrei e reconheci minha função neste mundo.

Sinto que de alguma forma através das minhas palavras, atos e energia as pessoas podem aos poucos se lembrar quem são junto comigo.

Que, de alguma forma, possam encontrar nestas palavras algumas peças que faltam pra montar seus próprios quebra-cabeças e reconhecer a grande figura dentro de si.

Hoje exercendo a minha função de terapeuta, coach, escritora e mentora eu percebo claramente que continuo sendo curada a medida em que me permito curar. Que dar e receber sempre coexistem em equanimidade.

Partimos da louca ideia de que médicos e terapeutas são curadores já curados e portanto, possuem uma fórmula mágica para resolver nossos problemas e tirar as nossas dores com a mão, mas isso é uma ilusão. 

A verdade que eu sinto no meu coração – mas que está longe de ser uma verdade absoluta – é que nós nos curamos a medida que nos permitimos curar o outro e ao mesmo tempo nós curamos o outro a medida que permitimos que os outros nos curem também.

Buscamos nos médicos, mestres, terapeutas, psicólogos, padres, rabinos, monges, curandeiros ou xamãs uma fórmula mágica para nossa felicidade, esperamos que nos tragam a solução de todos os nossos problemas e dores, mas isso é impossível até que reconheçamos a nossa responsabilidade e o nosso papel como curadores e curados, mestres e alunos, vilão e herói.

Até que reconheçamos a dualidade e a totalidade em nós,  não teremos entendido nada.

Não há hierarquia de valores para a Grande Figura Divina, tudo ocupa seu papel com a mesma importância e dignidade.

Que não esqueçamos que a totalidade está sempre presente, portanto a verdade também, em todas as situações, mesmo que nossa mente limitada não seja capaz de entender.

Temos um olhar muito limitado e pontual de tudo que acontece, portanto tenha certeza que quando estiver dando algo, ensinando algo, estará também recebendo e aprendendo na mesma moeda. 

Tudo acontece simultaneamente… ao ferir está se ferindo, ao perdoar está se perdoando, ao amar está se amando: essa é a beleza da criação. Causa e efeito coexistindo.

Criador e criatura unidos novamente… como UM.

Mariana Nahas é coach de vida, terapeuta integrativa, facilitadora de meditação e idealizadora do Programa de Desenvolvimento Pessoal Ser Humano. Acredita que o autoconhecimento e a autocompaixão são as chaves para despertar em nós o ser de infinitos recursos internos que somos enquanto seres conscientes. Escreve quinzenalmente no Portal Vida Simples. Seu instagram é @mariananahas_.

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