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Dois Papas, de Fernando Meirelles
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Ao conhecermos o temperamento e história de cada, percebemos que já não são a mesma pessoa, que já pensam diferente e, por isso, têm conhecimento e coragem pra mudar de atitude. Essa é a história por trás de Dois Papas

Terminamos o ano desejando mil coisas pro ano seguinte – como se a virada fosse mágica. Exaustos com tanta movimentação social e tanta demanda, fazemos balanço e tomamos mil providências como se algo realmente fosse mudar no primeiro dia útil. Pode até mudar, mas não tem magia não. É preciso observar, ponderar, repensar e arregaçar as mangas. Dentre tantas qualidades de Dois Papas, a reflexão sobre mudança de opinião (e de atitude) é uma das mais sábias desse ano que já terminou.

Dirigido por Fernando Meirelles (também de Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel), Dois Papas fala do momento em que o cardeal Jorge Bergoglio ainda não é papa Francisco, percebe que será mais útil como pároco em Buenos Aires do que como cardeal daquele Vaticano avesso às mudanças, e resolve se aposentar. Para isso, precisa da permissão do papa Bento XVI – que é sisudo, autoritário e rígido.

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O encontro em Roma entre os dois vai nos presentear não só com belíssimas imagens da Capela Sistina e do Castel Gandolfo, mas principalmente com diálogos inteligentes e espirituosos sobre a importância da escuta, o respeito à opinião diferente e a habilidade de mudar de opinião. Bergoglio (Jonatan Pryce) e Ratzinger (Anthony Hopkins) são água e vinho – um assobia Dancing Queen em pleno conclave, num misto delicioso de simplicidade e espontaneidade; o outro se dirige aos cardeais em latim, num misto arrogante de erudição e superioridade.

dois papas

Dois Papas apresenta visões opostas

Este é o ponto de Dois Papas: apesar das visões de mundo opostas, os dois papas vão tecendo, com perspicácia e inteligência, o raciocínio na mudança. Ao conhecermos o temperamento e história de vida de cada um deles (e essa é uma grande sacada do roteiro), percebemos que já não são a mesma pessoa, que já pensam diferente e, por isso, têm conhecimento e coragem pra mudar de atitude. O que não significa fazer concessões, como bem disse Bergoglio. São coisas diferentes.

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Ainda bem que mudamos. Ainda bem que vivemos fases diferentes, por que passam outras pessoas, outros momentos, outros aprendizados. Adaptar-se e saber perceber a necessidade da virada é seguir o caminho da vida. O belíssimo Dois Papas – entre os melhores filmes de 2019 – dá esse recado neste ano novo que começa: somos os agentes das nossas transformações. Observe-se, perceba-se, seja coerente e transforme-se. O mundo muda a todo momento. Se as resoluções de ano novo forem um bom pretexto pra dar esse start, que seja, então, um bom trampolim para novos ares em 2020!

Onde assistir: Netflix

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Suzana Vidigal é tradutora, jornalista e cinéfila. Gosta de pensar que cada filme combina com um estado de espírito, mas gosta ainda mais de compartilhar com as pessoas a experiência que cada filme desperta na mente e na alma. Em 2009 criou o blog Cine Garimpo (www.cinegarimpo.com.br e @cinegarimpo) e traz, quinzenalmente, dicas de filmes pra saborear e refletir. 

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