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De malha a pele
Photo by Andrés Canchón on Unsplash
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crencas limitantes

Malha é um tipo de tecido que, por definição, tem buracos. Tem espaços. Tem vazios. E uma rede é um tipo de malha. Em inglês, tudo isto se resume em uma só palavra: “net”. É daí que vem a palavra internet. Uma rede entre. Entre um e outro. Entre uma coisa e outra. Entre eu e você.

Pele é um outro tipo de tecido que, também por definição, não tem buracos nem vazios. É contínua. Te cobre por completo. Sem falhas.

Segura aí porque estas definições tão descritivas vão nos servir daqui um pouco pois há uma malha que, vagarosamente, se transforma em pele.

Mais um dilema

Dilema é um atributo de quem tem que tomar uma decisão. Se você não precisa decidir nada, o teu risco de encarar um dilema é muito baixo. Quase nenhum. Mas se você precisa decidir, optar, escolher, aí sim, corre o risco de se meter em um dilema. E mesmo quando não é você que se mete em um dilema, alguém ou algo pode te trazer um. O do momento é representado pelas redes sociais. Já virou até série na TV, onde se chama “O dilema das redes”, em uma tradução questionável do título original “The social dilemma”. Este dilema aparece a partir do questionamento sobre o que acontece com as pessoas por conta de suas participações em redes sociais.

Redes sociais só existem como consequência da existência da Internet. Sem internet não existe redes sociais. Não existe rede entre. Nem entre pessoas, nem entre coisas e nem entre coisas e pessoas. Pelo menos não existiriam redes sociais com a mesma dinâmica que encontramos hoje.

Até há quem diga que redes sociais sempre existiram, apenas que o modelo de comunicação entre seus participantes era outro. De fato, o que alimenta uma rede de pessoas e de coisas é a comunicação entre elas. É a oportunidade de se comunicar e a qualidade desta comunicação que acaba definindo o tamanho da malha da rede. Uma comunicação rara e cheia de ruídos deixa a malha da rede muito grande. Uma rede cheia de grandes buracos. Mas na medida em que a comunicação aumenta de frequência e os sinais são mais claros, a malha vai se estreitando. Os buracos vão diminuindo. Diminuindo tanto que podem até desaparecer.

malha rede

A malha sem buracos

Se todos os buracos desaparecerem, a rede deixa de ser uma malha. Passa a ser uma pele. Uma pele que cobre tudo e todos. Este parece ser o destino desta rede entre todos e tudo, a internet. Ela deve se transformar em uma pele, contínua, sem falhas ou buracos. Que bem poderá se chamar “overskin” – pele sobre – em vez de internet. Neste momento, seria possível se comunicar com tudo e com todos, em uma rede social planetária, de alcance interminável. E aí, cabe a pergunta: isto é bom ou ruim ?

Esta pergunta me remete a outra idêntica, que me foi feita no início dos anos 90, quando a internet começou a se popularizar e chegou por aqui. Passados mais de trinta anos, a resposta parece ser rigorosamente a mesma: internet, “overskin”, malha ou pele simplesmente são o que são. O bom ou ruim vai depender do uso que se faz destas estruturas de comunicação entre coisas e pessoas. Aqui mesmo, no mundo Vida Simples, há quem enxergue nas redes sociais um ambiente propício à colaboração e ao apoio mútuo. E “O dilema das redes” chama a atenção para usos de consequências pouco convenientes das mesmas redes ditas sociais.

Tudo isto apenas é. Bom ou ruim, vai depender de nós. No momento, fique atento para a evolução: era uma malha, vai virar uma pele. E você estará em baixo dela.

Fábio Gandour é formado em Medicina e observa os impactos que a tecnologia traz para a vida das pessoas. Agora e no futuro.

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