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Conhecimento, inteligência, consciência e sabedoria: juntos ou separados?
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Soprou um vento com muita densidade intelectual por conta de vários momentos que aconteceram em sequência, todos dedicados a um tema bem na moda: a tal da inteligência artificial.

Se quase sempre o apelo por produtos com interesse comercial é muito forte, desta vez foi possível encontrar um certo balanço entre reflexões de caráter acadêmico, de incentivo a pesquisa, discussões com ênfase ética e até filosófica em torno deste atributo tão humano, a inteligência. A presença incomum de componentes humanistas e comportamentais neste contexto foi tão intensa que acabou chegando aqui na coluna mensal da Vida Simples. E percebo que vou passar por uma experiência também incomum: deixar de lado a tecnologia e abordar o lado existencial deste atributo humano. Quem diria…

Atributos cognitivos vem todos do mesmo lugar ?

Pensar em responder esta pergunta a partir de um fundamento essencialmente técnico deve levar a uma resposta monossilábica e um tanto simplista: sim. Tudo vem do mesmo lugar, o cérebro. Por outro lado, quando a interação com pessoas que se dedicam a estes assuntos ultrapassa os limites da abordagem técnica, aparecem reflexões bem mais profundas sobre a real origem destes atributos. Uma seleção destas reflexões é o que compartilhamos aqui.

Um cérebro pode ser descrito de forma numérica e objetiva: 80 bilhões de neurônios, conectados por uma rede de 400.000 quilômetros de extensão, com um quadrilhão de sinapses e que consome 20 watts/hora para funcionar bem, uma quantidade ridiculamente pequena de energia ! Seria este cérebro numérico o único responsável pela mente ? Ou a mente é apenas um subproduto do emaranhado de neurônios e suas conexões ?

Ainda que as descobertas quase sempre se apoiam em algum aspecto da metodologia científica, muitas destas perguntas ainda não têm respostas tão precisas e numéricas como aquelas que descrevem o cérebro. Neste momento, a discussão evolui para percepções menos aritméticas e mais filosóficas, como a que entende ser a consciência, o resultado da sintonia de faculdades cognitivas onde o cérebro é a orquestra.

Conhecimento e sabedoria são a mesma coisa ?

Conhecimento você aprende estudando e usa para responder as questões da prova ou as perguntas do seu chefe. Quem consegue absorver conhecimento e faz bom uso dele, vai bem na escola e pode até conquistar uma carreira profissional de sucesso. Será alguém considerado inteligente.

Sabedoria você adquire com o tempo e usa para a solução de problemas da vida, até que ela se acabe. No meio da densidade intelectual da semana, ouvi que “…sabedoria é o que sobra depois que você esquece boa parte do que, um dia, foi só conhecimento”.

inteligência artificial

Daí, fica mais difícil responder a questão que abre este segmento de forma aritmética. Mas ficou mais fácil entender que a aquisição de conhecimento leva algum tempo de estudo e a transformação do conhecimento em sabedoria leva ainda mais tempo. Deve ser por isto mesmo que os sábio são sempre mais velhos.

Na orquestra representada pelo cérebro, temos o naipe de violinos, capturando e armazenando o conhecimento. Percussão e sopro sustentam o conhecimento capturado, que vai se transformando em inteligência. Outros detalhes cognitivos vão sendo acrescentados por instrumentos mais exóticos, a exemplo de xilofones, harpas e címbalos. Depois de muito tempo de ensaio, a orquestra adquire a sua própria mente em forma de harmonia. Que só acontece se alguém for o provedor da sabedoria necessária a todo este processo, o maestro.

Agora você já consegue

De tudo isto que conversamos aqui, agora você já consegue saber o que pode vir da escola, do ambiente, de uma máquina. E ainda, o que vai continuar sendo resultados de reflexões humanas. Pronto, basta isto!


Fabio Gandour é formado em Medicina e observa os impactos que a tecnologia traz para a vida das pessoas. Apesar de estar atento às evoluções tecnológicas, não deixa de prestar atenção no que as pessoas pensam e dizem neste contexto.

*Os textos de nossos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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