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Como ter um trabalho que te faça contente
Alan Hardman | Unsplash
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Desta vez, o Caro Estranho recebeu uma dúvida relacionada a mercado de trabalho. O leitor Renan escreveu para contar sobre sua insatisfação na atual profissão e sobre seu desejo de mudar de área. Apesar de já sentir em seu coração essa vontade, muitas questões ainda estão pelo caminho. Confira a resposta do colunista com conselhos de como ter um trabalho que te faça contente.

Caro Estranho,

Tenho 35 anos e estou na mesma profissão há 12. No entanto, odeio o que faço, apesar de ser bem pago para isso. Com a pandemia, vislumbrei em um antigo hobby uma chance de mudar de área. E, desde então, tenho investido tempo, dinheiro e esforço nisso. É algo bem diferente do meu trabalho.

Porém, o meu receio é se não seria egoísta da minha parte trocar o certo pelo duvidoso. Até porque tenho uma família que depende de mim. De vez em quando, acho que essa mudança seria uma sandice. O que devo fazer? Hoje atuo como advogado e quero me tornar mecânico de motocicletas.

Obrigado,

Renan

O trabalho e o contentamento

Caro Renan,

Ao ler essa carta, logo lembrei da história do meu marido. Ele sempre quis ser professor. Não era bem um hobby, mas ele sempre pensou em trabalhar com educação. Contudo, na adolescência, ele deixou esse sonho de lado para cursar direito, como você. Então, entrou na maior universidade do país, estagiou e atuou na área, sempre em algum grande escritório. Ou seja, ele tinha um suposto futuro promissor. Porém, não teve jeito. Apesar de todo esforço investido, houve um momento em que ele julgou necessário abrir mão da carreira, após se dar conta de que nunca se sentiria realizado.

Você diz odiar a atual profissão, certo? Entendo e sinto muito por você. Entretanto, do meu ponto de vista, não se trata apenas de uma questão de ódio. O problema é que você se encontra frustrado e insatisfeito, meu caro. Afinal, mais do que o sustento para você e essa família, você procura algo que o deixe contente. Essa é a palavra. Você já parou para pensar na origem desse termo? A raiz dele está ligada ao verbo conter. É isso que você tanto busca. Um trabalho que o preencha, que faça com que você se baste e se sinta completo. E ser um mecânico de motocicletas faria isso. Então, por que não?

Para ser honesto, não vejo qualquer egoísmo, como você supõe, em “trocar o certo pelo duvidoso”, Renan. No entanto, você sabe que há um longo caminho pela frente, não é mesmo? Antes de tudo, você precisa pensar em como fazer toda essa transição de uma forma segura. Por ter uma família que depende de você, é necessário também economizar e montar um plano de ação. Talvez, por um tempo, só seja possível trabalhar como mecânico à noite e no fim de semana. É importante ter em mente também que, ao mudar, isso deixará de ser um hobby para se transformar em uma profissão.

Enfim, algo me diz que você já pensou em tudo com calma. Então, o meu único conselho é que você vá atrás desse sonho, sim. Penso que qualquer atividade, por mais inusitada que seja, pode se tornar um trabalho. Quanto ao meu marido, gostaria de acrescentar que ele despertou a indignação de bastante gente ao abandonar a carreira promissora no direito para dar aula. Talvez, isso também aconteça com você. Contudo, da minha parte, ele só encontra admiração e respeito. Hoje, ele é um professor de economia realizado, satisfeito com o que faz e sabe o que mais? Ele está bem contente.

Um grande abraço,

Estranho

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CARO ESTRANHO (@caro_estranho) não sabe ao certo o que é ser um escritor, mas escreve na tentativa de ajudar o outro. Autor do livro homônimo, acredita viver em um mundo carente de amor e, sobretudo, de empatia. Não é médico, psicanalista ou psicólogo. É apenas alguém que tem fé na força de cada ser humano.

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