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Como gostar de arte? Veja 8 passos para começar
Joshua Earle | Unsplash
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O crescimento exponencial das imagens dentro e fora das redes digitais tem deixado muitas pessoas acuadas quando o assunto é arte. Para ampliar o acesso ao maravilhoso mundo das obras artísticas, Iasmine Souza desenha um percurso possível para criar mais intimidade com museus e galerias.

Alerta aos exigentes: esse não é um texto com fundo científico. É mais como um guia carinhoso para um amigo que quer chegar até o interruptor de um cômodo sem luz.

Temas relacionados às artes visuais estão mais recorrentes do que nunca. Nesse cenário, as redes sociais despontam como um caldeirão fervilhante de novos espectadores entusiasmados.

Para os que estão ameaçando flertar com o mundo da arte, a pergunta colocada no título será bem-vinda. É claro que não existe fórmula mágica começar a gostar de arte, mas, como bons seres humanos — teimosos e viciados em teorizar —, vamos ao guia!

Antes, reforço que as dicas aqui listadas são resultado exclusivo do que percebi nas minhas andanças culturais, nos inúmeros cafés com personagens do meio, e, especialmente, do hábito quase meditativo de estudar obras de arte todo santo dia.

8 passos para começar a gostar de arte

1 – Não tenha pressa.

Nesse ritmo frenético que nos impõe a modernidade, esteja disposto a parar. É preciso estar presente e doar tempo a uma obra de arte. Seja generoso. Olhe verdadeiramente. Afinal, não é um tempo tão diferente do que você já gastaria rolando inconscientemente o feed doInstagram ou durante aquela escolha interminável de filme para assistir na televisão.

VOCÊ VAI GOSTAR: O mundo da arte é para todo mundo!

2 – Leia.

Uma exposição requer algum esforço. Busque informações por conta própria antecipadamente, mas, se não conseguir, utilize os recursos da mostra a seu favor: textos, etiquetas de identificação, QR Codes. Nada está ali à toa (espera-se que não!). Profissionais trabalharam e pensaram em cada detalhe. E é através desse aparato que a arte se apresenta para todos nós. Leia e imediatamente enriquecerá a sua relação com o objeto de arte.

3 – Pense livre.

Arriscar compreender uma obra de arte não deveria causar tantos embaraços. O caminho interior que te leva ao objeto artístico nem sempre é tão simples, tampouco precisa fazer sentido para o outro. O que você entende só interessa a você. Se ajudar, lembre-se que não existe consenso sequer sobre o que é arte, quem dirá a respeito da interpretação de uma obra apenas.

No fim das contas, não há nenhum acerto para conquistar, vence a reflexão. E isso é o que há de mais incrível na arte.

4 – Abra a cabeça.

A arte pode ter o corpo como suporte, integrar-se às paisagens naturais, fragmentar a realidade em figuras geométricas, em rastros de tinta, ideias, residir no mundo digital, ou, até mesmo, naquilo que não se vê. Pode ser bonita, provocativa, repulsiva, estranha. Não há linguagem padrão. Abandone de uma vez o juízo limitante de que a arte significa uma bela pintura realista pendurada na parede.

Dê adeus a velhos preconceitos e um novo mundo se abrirá para você.

5 – Engaje.

Pesquise os espaços de arte da sua cidade e coloque as exposições no radar. Valorize a cultura local e organize-se para uma rotina de programações culturais. Reconheça as convenções de certos espaços, mas resista aos narizes empinados. Frequente-os. Se realizar visitas presenciais não é uma realidade para você, siga perfis de arte nas redes, acompanhe os canais das instituições e interaja nessas comunidades. Cerque-se da sua própria turma de fanáticos.

6 – Estude, mas não se comporte como um sabe-tudo.

Na história da arte, a quantidade de escolas e estilos é capaz de desnortear qualquer um. Eu, particularmente, gosto da comodidade das classificações, desde que saibamos utilizá-las com reservas. O grande equívoco da maioria é permitir que esse conhecimento os coloque na posição de mero etiquetador de obras (“olha, isso é impressionismo!”, “isso é cubismo!”, e por aí vai…). Não é preciso desconsiderar tendências para respeitar a riqueza do objeto artístico, mas, como diz a frase em uma das minhas camisetas xodós do armário, explicação demais mata a arte

7 – Aguce os sentidos.

A visão comanda o nosso tempo, mas não permita que ela tiranize as suas sensações.

No afã de ver, colocamos os demais sentidos em desuso. Cada pessoa embarca em sentimentos completamente diferentes diante de um objeto artístico. Solidão, espanto, alegria, acolhimento. Por isso, escute, sinta. Se for preciso, feche os olhos. A resposta estética individual é um mistério antigo, mas, apurando os sentidos, você estará mais perto de descobrir do que gosta e por quê.

8 – Transforme-se!

A arte é uma experiência. Visitei algumas vezes o Museu d’Orsay, em Paris. Em quase todas as oportunidades, passei indiferente por “Almoço na Relva” (1863), de Édouard Manet, sem entender por que deveria ser uma obra interessante. Na última, em 2017, emocionei-me longamente diante da pintura.

“Le déjeuner sur l’herbe”. Édouard Manet. 1862 – 1863. Museu de Orsay, Paris.

A arte é dinâmica! Isso pode soar como loucura, mas ela muda com você, e você com ela. Basta um giro no tempo e parecerão completamente diferentes os sinais que o objeto carrega.

Ali, tive a prova que precisava para acreditar na arte como forma de renovar a nós mesmos e a nossa complexa relação com o mundo.

Fico por aqui, desejando que estes passos iniciem a sua fecunda e duradoura caminhada com a arte. Conte comigo!

Leia todos os textos da coluna de Iasmine Souza em Vida Simples.


IASMINE SOUZA é advogada e entusiasta de arte, autora do perfil @minutodearte. A paixão por esse mundo foi tamanha que agora está cursando uma especialização em Crítica e Curadoria de Arte na PUC-SP. Há grandes chances de encontrá-la em alguma exposição. No tempo livre, escreve.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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