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Mudar de emprego: 5 pontos para analisar
Christian Erfurt | Unsplash
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Apesar do impulso social pressionar a encontrarmos melhores carreiras para encontrar a felicidade, é importante compreender o que você está buscando no trabalho antes de mudar de emprego. Em seu texto de estreia, nosso novo colunista Horário Toco Coutinho lista cinco pontos importantes a se considerar para fazer uma escolha consciente.

Você é feliz no seu trabalho? Tenho percebido nos últimos tempos índices muito altos de pedidos de demissão. O que antigamente eram reclamações corriqueiras, hoje viraram motivos concretos para essas atitudes. Motivados por insatisfações com a remuneração, cultura da empresa, atitudes da liderança, eminência de burnout e pela filosofia de que podemos trabalhar com o que gostamos, centenas de milhares de brasileiros deixaram os seus empregos nos últimos meses.

Isso nos traz uma sensação de liberdade. Entretanto, quando cruzamos essa linha nos deparamos com uma pergunta inevitável:

“Tá. E agora?”

De forma concreta, não sabemos onde essa vontade de mudar de emprego vai nos levar. O que sabemos, sim, é que mudanças desse tipo, por muitas vezes, depois de um tempo, colocam-nos no mesmo lugar de insatisfação profissional do qual partimos. Criamos, assim, um ciclo sem fim que só pode ser interrompido com um olhar profundo sobre as nossas carreiras.

Durante meu curso de Gestão da Felicidade, na universidade de Harvard, tive contato com pesquisas recentes que avaliam a nossa satisfação com o trabalho. Elas demonstram que quando fazemos uma transição de carreira baseada “na fuga”, sem compreender exatamente as nossas necessidades e expectativas pessoais com relação ao emprego em nossas vidas, tendemos a chegar na mesma situação emocional em menos de dois anos.

Temos picos de alegrias nas transições, mas, na média geral, levamos uma vida de trabalho ainda repleta de insatisfação.

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Por esse motivo, antes de promovermos mudanças em nossas carreiras, é sempre importante lançar um olhar para dentro e compreender de que forma o trabalho pode dar sentido à nossa existência.

Dentro dos meus estudos, identifiquei que é essencial entender em que fase desse processo estamos. A partir disso, podemos analisar cinco sentidos básicos que o trabalho pode e deve trazer para nossas vidas.

1) Sustento e prosperidade

O capitalismo ultra valorizado faz com que olhemos para o trabalho com esse único sentido. Por muitas vezes, em minha vida profissional, esse era o meu objetivo. Celebrei aumentos de salário, promoções e conquistas de forma explosiva, porém, num período curto de tempo elas me levaram a querer mais.

Nas oportunidades em que eu esperava do trabalho apenas uma compensação financeira, acabei entrando em ciclos de insatisfação que foram financiado por estresse, acúmulo de trabalho e abdicação de relações sociais.

Aos poucos, percebi que em meus movimentos de carreira eu precisava ter em mente que o dinheiro era realmente importante para a minha felicidade, mas só até determinado ponto. Ele não conseguia suprir outros valores que o trabalho também precisava me fornecer.

2) Realização e senso de utilidade

Principalmente no início da minha carreira, desprezei o senso de utilidade e realização. Com o passar do tempo comecei a compreendê-los como uma das principais conexões que existiam entre trabalho e a minha felicidade.

Passei a perceber o que estava sendo capaz de realizar e a forma como conseguia impactar as pessoas e o mundo. Essas ações passaram a dar sentido para o meu trabalho.

Isso se tornou ainda mais relevante quando comecei a realizar projetos voluntários e ações sociais. Não havia dinheiro envolvido, mas o meu trabalho estava diretamente relacionado com o aumento da minha felicidade.

Mas não é somente através do voluntariado que podemos encontrar esse sentido. Nos nossos empregos podemos dedicar um tempo a perceber como o trabalho que realizamos impacta na vida de quem está ao nosso redor.

Não importa o que façamos e quais as nossas obrigações. Podemos sempre melhorar a vida de alguém através do que realizamos.

3) Relacionamento social

Pesquisas recentes da Universidade de Berkeley, na Califórnia, demonstraram que a qualidade de nossas relações sociais é um dos principais fatores que contribuem para vidas mais felizes.

Durante a minha vida, grande parte de minhas amizades e relacionamentos nasceram no trabalho.

O ambiente profissional nos oferece a possibilidade de construirmos atividades de forma coletiva e colaborativa. Dessa forma, criamos laços sociais de longo prazo que são importantes para o nosso bem estar e felicidade.

Usar a nossa jornada profissional para construir essas relações sociais é outro sentido que devemos encontrar no trabalho.

4) Disciplina e responsabilidade

Determinados valores que são necessários para o nosso desenvolvimento me foram apresentados no ambiente de trabalho.

Foi durante a minha vida profissional que aprendi a viver e conviver com regras sociais. Elas me fizeram um indivíduo mais ético e com emoções mais equilibradas.

Além disso, depois que assumi aspectos mais objetivos dos meus ofícios, como aprender a me organizar, a ter disciplina, cumprir prazos e ter papéis definidos, estimulei o meu bem-estar e minha capacidade de perceber e conviver com as dificuldades impostas pelo nosso dia a dia.

Podemos até encontrar esses valores em outras áreas da nossa vida, porém, através do trabalho temos um acesso rápido e objetivo a essas ferramentas que são de fundamental importância para vivermos em sociedade.

5) Desenvolvimento de habilidades

Em minhas primeiras experiências profissionais, minhas habilidades eram muito cruas. Por esse motivo, abrir-me para aprender foi fundamental para construir as habilidades que tenho hoje.

A prática e a consistência de determinadas atividades contribuíram e seguem me auxiliando a desenvolver habilidades e talentos que antes pareciam distantes ou até inexistentes em mim.

Muito desse desenvolvimento só poderia ter sido adquiridos no campo de trabalho e, sem ele, jamais teria as características que hoje me constroem como profissional.

Esse olhar profundo nos permite encontrar talentos onde jamais imaginamos que seríamos capazes e pouco a pouco desenvolver novos campos de trabalho dentro de nossa carreira.

Pausa e reflexão

Quando olho para minha vida profissional ou a dos meus clientes de mentoria, busco avaliar os benefícios ou prejuízos que o trabalho está trazendo.

Procuro colocar as cartas na mesa e olhar todos os aspectos para não correr o risco de cair em contos de fadas ou acreditar em falsas promessas.

Sem esse olhar, seguiremos fugindo de nossas carreiras e buscando soluções milagrosas para que o trabalho seja mais prazeroso e nos traga mais felicidade. Quando, na verdade, em grande parte das vezes, a possibilidade de um trabalho que nos ofereça uma vida feliz já está ao nosso alcance, mas ainda não conseguimos encontrar.

Aconteça o que acontecer, não fuja, e busque avaliar todos os sentidos do trabalho na sua vida.

Você está satisfeito?

No meu trabalho como mentor e consultor, percebo que temos dificuldade em fazer o sucesso e a felicidade caminharem na mesma direção.

A partir desse texto, estarei com vocês aqui na Vida Simples para conversar sobre essa relação das nossas carreiras com uma vida que valha a pena ser vivida.

Afinal, precisamos estar em sintonia com nosso trabalho para podermos ser felizes.

Você esta satisfeito com a sua carreira?

Vamos conversar.


HORÁCIO TOCO COUTINHO (@horacio.toco) possuí certificações na Universidade de Harvard e na Universidade de Berkeley na gestão da felicidade. Hoje trabalha auxiliando executivos a tomarem decisões sobre suas carreiras.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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