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A raiva que sentimos dos nossos filhos
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Eu sempre ouvi que a pessoa que sente raiva é agressiva, mal-educada, inadequada. E depois de virar mãe, essa era a emoção que eu mais sentia. Infelizmente, sem entender o motivo dela, acabava descontando-a na minha filha, mais ou menos como aprendemos que todo mundo faz.

Não me conformei em sentir aquela culpa tamanha que vinha depois dos gritos, das reações exacerbadas que eu tinha. Eu queria entender o que estava acontecendo comigo, por que tudo que eu racionalmente achava que era errado sobre a educação de uma criança, eu acabava fazendo, na hora da raiva?

Quando eu aprendi que toda raiva que eu sentia escondia um medo muito grande e tristezas muito grandes, muita coisa mudou. E veja, não foi nada fácil aprender isso. O mundo das emoções é uma grande incógnita para muitos de nós: desde cedo aprendemos que emoções são pequenos problemas que atrapalham uma vida racional, produtiva, e que devemos ou controlá-las, ou ignorá-las.

Aprendemos a lidar com tesouras, facas, escadas, panelas quentes, portas que prendem o dedo, aprendemos a todo dia olhar para fora, paro o nosso corpo, para a nossa higiene, mas nunca a olhar para dentro. Nunca a entender essa raiva, que quando exposta de maneira impulsiva, tem potencial de machucar mais que uma tesoura.

Que medo era esse, então? Eu tinha medo de falhar. Medo de perder o controle da educação da minha filha. Medo de não conseguir ensinar pra ela tudo que eu achava que ela precisava aprender, para ser uma pessoa melhor que eu. Para sofrer menos que eu. Eu.

Os medos e tristezas estavam muito mais relacionados à minha própria infância e à pessoa que eu me tornei, do que com o comportamento dela de fato. Esse foi o fator libertador dessa equação: não era sobre ela, era sobre mim.

A parentalidade respeitosa tem uma premissa essencial: a autoeducação. Não há como ensinar a criança a evoluir, a melhorar, a se entender, se nós não fazemos isso na prática. Fácil? Nunca. Preparar minimamente um ser humano para a vida é a tarefa mais difícil que vamos encarar, provavelmente.

Mas é uma grandessíssima oportunidade de olhar para si com mais compaixão, com mais entendimento, com mais carinho. Todos somos inacabados, reconhecer isso e trazer a criança para essa jornada conosco é a coisa mais linda que a maternidade e a paternidade podem nos proporcionar.

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples

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