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Por que transformamos a vida numa sala de espera?
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Confesso que meu maior receio é entrar no modo de espera cantado por Chico Buarque, me guardando pra quando o Carnaval chegar. Porque até lá, o tempo fluiu

 

Outro dia, ouvi uma pessoa dizer: só faltam 4 meses para o ano terminar, mas eu ainda estou esperando ele começar. Então, fiquei me questionando, se para além da brincadeira, ela não deixou mesmo de fazer várias coisas e tomado muitas decisões, em função dessa expectativa. Virei a pergunta pra mim, será que eu também deixei a vida correr e fiquei esperando o anúncio da vacina ou do fim do isolamento social?

Tá comprovado, por estudos científicos, que nossa percepção do tempo foi afetada pela pandemia. Mas o que, até que se prove o contrário, não mudou foi o fato de que o tempo continua passando. Não vai dar pra comemorar a mesma idade no ano que vem. A viagem de férias deste ano, se foi adiada para o próximo ano, não é mais a viagem de férias de 2020. Longe de mim querer te deixar triste com esse questionamento. A vontade é de refletir sobre nossa posição diante de uma vida que, com ou sem vírus no ar, continua seguindo seu curso.

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Será que em algum momento transformamos nossos dias numa sala de espera, saguão de aeroporto ou rodoviária? Sabe, esses lugares que você está só esperando algo acontecer. O médico chamar, o avião chegar ou dar a hora do ônibus partir? São nesses espaços que a gente entra em modo de espera e faz coisas apenas pra passar o tempo. Compra uma café e reclama do preço, come novamente o pastel com gosto de viagem da infância, fica folheando revistas de 3 anos atrás e se perguntando se deveria ter encostado naqueles papeis potencialmente cobertos de coronavírus.

Vão chamar seu nome

Confesso que meu maior receio é entrar no modo de espera cantado por Chico Buarque, me guardando pra quando o Carnaval chegar. Porque até lá, o tempo fluiu, virou memória e quero tanto que sejam memórias que tenham valido a pena. Apesar de qualquer coisa. Esperar pode ser um movimento ativo ou passivo. Quando é passivo, é expectativa inerte de que algo mude, sem que a gente necessariamente contribua pra isso. É arquibancada. Esperar ativamente é esperança, sentimento de que é possível contribuir para mudar a realidade e realizar por nós mesmos. É estar no jogo.

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Mas, se te bater a sensação de que está na sala de espera. Aproveita o momento e a reflexão. Levanta e vai lá conferir, com certeza já chamaram seu nome.

Tiago Belotte é fundador e curador de conhecimento no CoolHow – laboratório de educação corporativa que auxilia pessoas e negócios a se conectarem com as novas habilidades da Nova Economia. É também professor de pesquisa e análise de tendências na PUC Minas  e no Uni-BH. Seu Instagram é @tiago_belotte. Escreve nesta coluna semanalmente, aos sábados.

*Os textos de nossos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples.

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