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Estamos perdidos em nossas carreiras ou apenas nos reinventando?
(Foto: Christin Hume/Unsplash) Redesenhar, ou simplesmente questionar o que estamos fazendo, exige coragem
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Neste artigo:

Comecei minha trajetória profissional acreditando que o caminho era reto e sem desvios. Mas logo que comecei a trilhar minha carreira, a vida foi me mostrando que no fundo, não seria bem assim. 

Estudei arquitetura, mas no quinto ano de faculdade me senti perdido e comecei a flertar com um novo caminho. Depois de me “encontrar”, cursei publicidade, e achei que então era só seguir em frente: estudar, conseguir um bom emprego, trabalhar muito… e pronto, a vida estaria resolvida.

Essa ideia, tão presente na cabeça da geração dos meus pais, transmitida para a minha, parecia um caminho único, sem erro e desvio, como algumas estradas que aparecem em vídeos cortando a Califórnia: longas, retas, seguras. Um caminho previsível, como se fosse possível seguir passo a passo, sem sobressaltos.

Mas a vida real não funcionava assim

E com o passar do tempo, cada vez mais imprevisível ela se tornou. Aos poucos, fui percebendo que esse modelo do “estudo, trabalho e aposentadoria” está desmoronando em silêncio, ao mesmo tempo em que as novas gerações vão redesenhando o que significa trabalhar e viver.

Hoje, a gente vive um mundo onde a linha reta virou um campo aberto. As carreiras são cheias de desvios e atalhos. E, ao mesmo tempo em que isso nos dá liberdade, também nos dá medo, ansiedade e a responsabilidade de decidir sobre o nosso futuro.

Somos de longe as gerações que mais sofreram emocionalmente os efeitos de um destino incerto e cheio de opções. Porque não existe mais “o caminho certo”. O que existem são diversos caminhos que podem ser trilhados, e outros que vão surgindo quando menos esperamos.

E é justamente aí que mora o desconforto.

Muitas vezes me peguei, como talvez você também, parado diante de uma bifurcação da vida pensando: “E se o caminho que eu escolhi não faz mais sentido? E se eu quiser redesenhar a minha vida e minha carreira agora?”

Os tempos já são outros

Essa dúvida, que antes parecia um sinal de fraqueza ou insegurança, hoje passou a ser um sinal de consciência e adaptação aos novos tempos. A gente está acordando para a ideia de que a vida não é um roteiro pronto e que tudo bem se quisermos escrever novos capítulos. Aliás, talvez o maior presente desse nosso tempo seja a possibilidade de redesenhar.

Mas isso não quer dizer que seja fácil. Redesenhar, ou simplesmente questionar o que estamos fazendo, exige coragem. Exige sentar com as próprias incertezas e aceitar que as respostas não vão aparecer de uma hora para outra. Exige olhar para trás, agradecer pelos passos que demos e, ao mesmo tempo, admitir que talvez já não somos mais as mesmas pessoas de quando começamos, assim como o mundo também mudou.

Exige ainda abrir mão de um dos caminhos, para seguir em outro desconhecido.

A única certeza vem da aprendizagem

Nos últimos anos, como mentor de profissionais em meio de carreira e executivos, ou mesmo desenhando projetos dentro de grandes empresas, tenho visto de perto como as maiores transformações profissionais acontecem. 

Os que mais evoluem são sempre aqueles que entendem que, em um mundo em constante transformação acelerada como vivemos hoje, a única coisa que não pode parar em uma carreira é a aquisição de conhecimento, o aprendizado, e a capacidade de adaptação.

Vejo isso se repetindo em cada conversa que tenho, em cada sessão de mentoria: o movimento vem da aprendizagem e do olhar para frente.

E quando falo em movimento, penso em algo que deixou de ser só uma habilidade para melhorar ou mudar o nosso trabalho. Virou uma filosofia de vida para aqueles que decidem abraçar essa jornada.

Na prática, ser um lifelong learner significa aceitar que o mundo muda e a gente precisa mudar com ele.

Significa não se apegar tanto ao diploma ou ao título que carrega e, em vez disso, valorizar as perguntas que nos colocam em movimento ao longo do caminho.

É perceber que redesenhar não é um retrocesso: faz parte de crescer e se adaptar.

Hoje, olho para minha carreira e vejo que cada curva, cada desvio, cada “não sei”, ou cada “e agora?” me ensinou muito mais do que qualquer livro ou curso.

Foram nesses momentos (quando me senti perdido) que descobri minha capacidade de me redesenhar. E percebi que essa é a única habilidade que nunca vai ficar obsoleta: a capacidade de aprender, desaprender e aprender de novo.

Então, se você também está se sentindo um pouco perdido, ou se aquela dúvida sobre o que “vem depois” te visita toda semana, saiba: você não está só.

Estamos todos juntos nessa estrada que não tem um único caminho certo.

A vida não é mais uma linha reta.

Ela é um campo aberto, onde podemos aprender a tomar e redesenhar novos caminhos.

E você, como tem lidado com as bifurcações que surgem no seu caminho?

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