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A mulher para além da mãe
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Se tornar mãe – ou ocupar o papel de mãe – realmente é uma das coisas mais profundas que podem acontecer com uma pessoa, e digo isso sabendo dos riscos de cair na armadilha da maternidade romântica. Não é deste lugar que quero falar.

Antes de sermos mães, fomos filhas: bebês, meninas e, no tempo, viramos mulheres. Nosso nascimento enquanto mães acontece enquanto nos relacionamos com aquela criança que veio de nós ou para nós. Não é algo dado, ainda que para algumas aconteça mesmo a paixão à primeira vista.

É esperado se perder bastante da mulher que fomos, para que uma nova comece a nascer, amparada pela mulher que éramos. Nos perdemos um pouco de nós quando temos no colo um bebê que nos conta com seu olhar, que somos seu mundo todo, e que – agora sim – temos um amor todo pra nós, numa relação cheia de simbiose.

O desafio de crescer junto com o bebê

Com o passar do tempo, o bebê cresce, vira uma criança e precisa, para que cresça emocionalmente saudável, que sua figura materna coloque energia e amor também em outros objetos e objetivos. Essa criança vai entender que também pode ser livre pra fazer o mesmo. Que crescer é perder, mas que quando perdemos algo, também ganhamos algo. Que o amor de outras pessoas também existe e que ela é importante para esse outro, também.

Por conta da estrutura patriarcal em que vivemos, a primeira busca da mulher reside em conseguir a aparência ideal para que “atraia” um homem, e esse por sua vez lhe garanta uma família, lugar onde ela deverá mostrar sua capacidade de cuidar de todos menos de si. Ali no lar reside seu sucesso, seu lugar no mundo é dentro, não fora, assim entendemos quando fomos criadas brincando de bonecas e de casinha, esperando o príncipe nos salvar. E assim se romantiza a dependência financeira, a exaustão, a solidão vivida a dois, e principalmente o sacrifício materno. Mas a mãe que sacrifica suas realizações e desejos pela criança vai inconscientemente exigir que essa criança se sacrifique por ela, de alguma maneira.

Não é saudável que toda a realização emocional de uma mulher esteja atrelada à maternidade e à criança, mas é isso que se espera dela. Eu diria que esse é o conflito que muitas de nós vivemos, e quando não vivemos, talvez seja porque sequer questionamos esse papel esperado de nós.

A reflexão que quero deixar, que pra mim é extremamente necessária, e que pode ser tão dolorida quanto bonita, é: quem somos nós para além da maternidade?

*Os textos de colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de Vida Simples. 

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