O fim de ano se aproxima e ele vem acompanhado da ansiedade de quem está passando pelas últimas avaliações de escola. Pode ser que, ao checar o boletim da escola, o resultado esperado não venha, e repetir o ano seja a fatídica “sentença” final. Mas isso não é o fim do mundo, nem para a criança ou o adolescente que terá de cumprir a repetência escolar, e nem para os pais.
Antes de tudo, é preciso ter um diálogo com a escola e avaliar a repetência do ano. Isso porque ela pode não ser a melhor solução para o aprendizado. Além disso, a avaliação da escola pode não ter considerado detalhes da vida e da rotina das crianças.
Entretanto, caso a repetência escolar seja a única saída, é preciso ter em mente que isso é apenas mais um desafio. Por não ser bem aceita socialmente, alguns pais podem punir seus filhos, mas isso não é o mais adequado.
Nesse caso, o melhor a se fazer é manter o controle emocional, além de demonstrar segurança, estar presente e se colocar à disposição para ouvir e ajudar.
Também é preciso lembrar sempre que cada pessoa — criança e adolescente — tem seu tempo. Sendo assim, repetir de ano pode ser a chance para desenvolver e reforçar habilidades e conhecimentos importantes antes de seguir adiante.
O que fazer e o que não fazer no caso de repetência
Antônia Burke, colunista da Vida Simples e especialista em educação, conta que o ideal a se fazer é evitar reações de raiva, humilhação ou comparações com outras crianças.
Segundo ela, alguns pais podem, como resposta, optar por brigar, o que acaba sendo ainda mais prejudicial e gerar um ressentimento ou uma espécie de trauma na relação das crianças ou adolescentes com o processo de aprendizagem.
“Comentários como ‘você nunca faz nada direito’ podem minar a autoestima e gerar medo de errar. Também é importante não usar a repetência como rótulo e chamar seu filho de ‘fracassado’ ou ‘preguiçoso’. Isso só aumenta o peso emocional da situação, que já é bem difícil e frustrante por si só”, aconselha.
Ela lembra que a repetência escolar não deve determinar o valor ou potencial dos filhos e que isso pode ser uma oportunidade para ensinar que o caminho a ser perseguido é o da persistência, e não o da perfeição.
“É importante acolher o momento com empatia e reforçar que desafios fazem parte da vida. Conversar sobre o que aconteceu e o que pode ser feito de forma diferente, sem culpa, mas com sendo de responsabilidade. Mostrar que vocês estão juntos nessa caminhada e que é possível superar as dificuldades.”
Ela acredita que é necessário investir em diálogo e na construção de um plano equilibrado para superar esse desafio, considerando períodos de descanso, lazer e atividades adequadas para o desenvolvimento social.
Dialogue com a escola para ajudar seu filho
É essencial que haja uma conexão entre pais, filhos e instituição de ensino para que todos entendam o que ocorreu e estejam alinhados com os próximos passos que assegurem a saúde mental, a autonomia e o senso apurado de responsabilidade do estudante repetente.
Antônia explica que são poucos os casos em que o problema é apenas falta de esforço. Afinal, dificuldades acadêmicas, problemas emocionais e questões de saúde podem interferir também.
“A comunicação constante é essencial. Participar de reuniões, perguntar sobre o desempenho e solicitar orientações práticas ajudam a construir uma parceria sólida. Além disso, é importante que a escola se comprometa a criar um ambiente acolhedor, combatendo estigmas. Garantir que isso não ocorra é fundamental para a criança que repetiu de ano, porque isso pode destruir a autoestima intelectual dela”, afirma.
Além da comunicação com a escola, não esqueça de ouvir o que seu filho diz, sente e pensa sobre o assunto. Com a comunicação entre esses três elementos, é possível identificar o que precisa mudar e buscar formas de fazê-lo, como reforço escolar, terapia e ajustes na rotina.
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Auxilie sem sobrecarregar
Antônia acredita que os pais podem auxiliar muito na aprendizagem de quem está em processo de repetência escolar, mas que isso não deve ser desconfortável e exigente demais.
Ela aconselha estabelecer metas pequenas e realistas, assim como a celebração de pequenos progressos. Elogiar, estar presente e acompanhar o processo é essencial. Além disso, os pais devem mostrar que o aprendizado é um processo contínuo, e não algo imediato.
“Evite monitorar cada detalhe ou controlar totalmente a rotina. Essa postura tende a criar um ambiente familiar desarmonioso e a abrir precedentes para mentiras. É importante que a criança ou adolescente sinta que tem espaço para desenvolver responsabilidade e autonomia.”
A especialista também orienta que algumas posturas e comportamentos são essenciais nesse processo, como estabelecer um horário e local organizados para estudos.
Ademais, atividades como leitura compartilhada, jogos educativos e uso consciente de tecnologia para aprendizado tornam o processo de aprendizado mais leve e divertido.
“A presença dos pais pode fazer diferença para a autoestima intelectual. Pedir, com calma, que seu filho explique o que aprendeu e conversar sobre os conteúdos de forma leve, por exemplo, contribuem positivamente para uma boa relação com o aprendizado”, ela conclui.
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