Aprenda a se perdoar

Arrependimentos fazem parte da vida. Mas não precisamos carregá-los para sempre

O autoperdão é  mais do que um alívio momentâneo. É um convite para olhar profundamente dentro de nós mesmos, com coragem e acolhimento, reconhecendo que, mesmo imperfeitos, temos sempre o direito de recomeçar.

A palavra "perdoar" vem do latim "per donare", que significa "doar por completo". A culpa, por outro lado, remete a erros e faltas que gostaríamos de esconder. Segundo Carl Jung, resistimos ao autoperdão justamente por medo de encarar essa sombra interior.

Aceitar os nossos erros faz parte de sermos humanos.      Não existe uma vida sem falhas, mas o perdão pode transformar essas culpas em lições valiosas. Só assim podemos deixar o passado em seu lugar e abrir espaço para novos começos.

O autoperdão é essencial para deixarmos de ser vítimas das nossas próprias histórias. A culpa pode parecer uma proteção confortável, mas acaba nos impedindo de crescer e evoluir. Para a psicologia positiva, o perdão  é uma força interior que podemos desenvolver e fortalecer ao longo da vida. Nem todos encontram facilidade nesse processo, mas todos têm potencial para isso. Perdoar-se é aceitar nossa humanidade em construção.

Nem sempre são os erros cometidos que mais machucam.  Muitas vezes, são as palavras não ditas, os passos não dados, os silêncios profundos  que ecoam dentro de nós. São esses silêncios que costumam deixar marcas mais duradouras.

Na velhice, o que não resolvemos pesa ainda mais. Christine Abdalla, especialista em geriatria, reforça que perdão e reconciliação são fundamentais para envelhecer com serenidade. Cultivar o autoconhecimento ao longo da vida nos ajuda a construir uma jornada mais leve.

O arrependimento pode ser um mestre poderoso se estivermos dispostos a ouvi-lo. Cada experiência, boa ou ruim, nos ensina sobre quem somos, nossos valores e o que realmente importa. Não precisamos mudar o passado para mudar nossa visão sobre ele.

O autoperdão não apaga nossos erros, mas suaviza as marcas deixadas por eles. Libertar-se da rigidez e acolher nossa humanidade imperfeita é um ato profundo e silencioso de amor-próprio. Porque o que realmente define quem somos é a maneira como lidamos com nossos erros e como permitimos que eles  nos transformem.